Thursday, December 16, 2004

Little trouble girl
(Sonic Youth)



If you want me to
I will be the one
that is always good
and you'll love me too
But you'll never know
What I feel inside
That I'm really bad
Little trouble girl
(Kim Gordon)
Remember mother
We were close
Very, very close
You taught me how to feel good
flow down life we understood
curl my hair and eye lash
hitch my cheeks and do my lips
Swing my hips just like you
Smile and behave
A circle of perfection, it's what you gave
Then one day I met a guy
He stole my heart, no alibi
He said:
Romance is a ticket to paradise
Momma, I'm not too young to try
We kissed
We hugged
We were close
Very, very close
We danced in the sand
and the water rose - higher and higher
until I found myself floating - in the sky
I'm sorry mother
I'd rather fight than have to lie
If you want me to
I will be the one
that is always good
and you'll love me too
But you'll never know
What I feel inside
That I'm really bad
Little trouble girl
[Repeats line]
Cross my heart and hope to die
I can not tell a lie

Tuesday, November 23, 2004



pensando em você, sabe? hoje devassei o seu orkut. um rosário de vida se abriu para mim, conheci seus amigos virtuais, li o que escreveram.

agora você deve estar dormindo, rapid eye moviment, enquanto a comunicação assíncrona liberta meu grito de calma expectativa, culminância destes dias quentes e frios; semanas inteiras ocupados com nossas respectivas tarefas, transeuntes, festivais culturais, mesas pernósticas e festas hippies. eu sinto a chapa esquentando sobre meus pés, todos nós pulamos como gatos encurralados. mas somos maduros demais ou medrosos demais para sair na chuva. quanto a mim? eu ainda não perdi o sonho, você dissolveu a minha razão.

Monday, October 18, 2004

rabisco de sabonete, de solitude, de solidão
uma mochila de ciclos, de novecentas toneladas.
e o corpo e as idéias e os foguetes e as fagulhas
palavras chaves alinhavadas sem esmero.
encanto mediano, qualquer uva
perna aberta no principal meridiano.
derramando pelos cantinhos das expectativas
o que é sonho,
o que é medo,
o que é mundo.
quando páro de chover, quase não me reconheço.
não consigo arco-íris de repente
e na verdade,
já faz tempo...

Friday, October 01, 2004

Année : 1987
Compositeur : JM. Rivat, D. Dubois
Paroles : Dédié à GOPALA

Voyage, voyage

Au-dessus des vieux volcans
Gliss' tes ailes sous le tapis du vent
Voyage Voyage
Éternellement
De nuages en marécages
De vent d'Espagne en pluie d'équateur
Voyage voyage
Vol dans les hauteurs
Au-d'ssus des capitales
Des idées fatales
Regarde l'océan

Voyage voyage
Plus loin que nuit et le jour {voyage voyage}
Voyage {voyage}
Dans l'espace inouï de l'amour
Voyage voyage
Sur l'eau sacrée d'un fleuve indien {voyage voyage}
Voyage {voyage}
Et jamais ne reviens

Sur le Gange ou l'Amazone
Chez les blacks chez les sikhs chez les jaunes
Voyage voyage
Dans tout le royaume
Sur les dunes du Sahara
Des îles Fidji au Fuji-Yama
Voyage voyage
Ne t'arrêtes pas
Au-d'ssus des barbelés
Des c?urs bombardés
Regarde l'océan

Voyage voyage
Plus loin que nuit et le jour {voyage voyage}
Voyage {voyage}
Dans l'espace inouï de l'amour
Voyage voyage
Sur l'eau sacrée d'un fleuve indien {voyage voyage}
Voyage {voyage}
Et jamais ne reviens

Au-d'ssus des capitales
Des idées fatales
Regarde l'océan
Voyage voyage
Plus loin que nuit et le jour {voyage voyage}
Voyage {voyage}
Dans l'espace inouï de l'amour
Voyage voyage
Sur l'eau sacrée d'un fleuve indien {voyage voyage}
Voyage {voyage}
Et jamais ne reviens

Sunday, September 19, 2004

no vazio que não faz barulho, no vazio que traz palavra.
lacuna desse mundo cheio de janela, construída para rodar por dentro, um vidrinho com porção de druída, pele descascada de inseto frágil, ninfa no lugar de vírgula ou ponto de exclamação.
a novidade, estendida no chão arranhado de baixos, baquetas e melancolias dominicais.
<<< silent kit, don't lose your graceful tongue

Monday, August 23, 2004

Depois da terceira garrafa de solanácea, saímos do galpão. Para trás, uma estante de livros, aquecedores que desprendem um gás pavoroso, um anão esquisito que havia me servido as solanáceas, um ensaio de neblina, sorrisos conhecidos, o frio e o atalho.

Na falta de ônibus, um táxi. E, dentro do táxi, os Pixies. O som da voz de Jacks misturado à minha. Chegamos na posuda casa da diversão. Todos com seus devidos nomes. Minha perversão batizou-me de Priscila e ao Capitão Zimarius de Daniel.

O desastre aconteceu quando meu energético passou de oito para oitenta reais, aquela maldita comanda perdida. Lembrei do que deveria significar cara de nojinho enquanto chorava aos pés dos porteiros: "Mas para quê você foi inventar um nome falso, garota? Agora fica difícil acreditar. Não que você esteja mentindo, mas são as normas da casa..."

O Capitão quase estraçalhou garrafas, os Escritores se divertiam bebendo e alimentando o juke box. Vez por outra, alguém lembrava de consolar meu susto me oferecendo um gole ou sacudindo meus braços para o groove.

Dentro do susto era assim: uma esbaforida que abria e fechava cortinas de feltro com o olho embaçado. Se disser mil vezes que não é comigo, vai embora.

Consegui minha passagem de volta do inferno quando já era tarde para os Escritores. Lá estava ela, suja com o xixi de mademoiselles. Agora eles iam embora e eu escolhi me divertir com Jacks e seu pecado.

Porque ele não tem um terço dos meus falsos moralismos, fala poesia sem mascar a própria língua, gosta de futebol. E, afinal de contas, do que mais preciso além de algumas garrafas de solanáceas para dançar com sujeitos de sapato bicolor, conhecer os amigos espanhóis de seu pecado e descobrir um convite de Hank emoldurado na parede do inferninho?

Ao lado de listras brancas e vermelhas.....
Jacks me leva até a lanchonete da véspera para que possamos devorar sanduíches de filé de frango enquanto eu filosofo sobre amor, como se soubesse alguma lhufa a respeito. Antes da estação Paraíso, ele me recobra a consciência e diz o indizível. Com o qual tudo o que resta à minha confusão infinita é um sorriso piegas de despedida.

Monday, August 09, 2004

encontrar capitão zimarius na cidade de asfalto e frio noturno. encontrar lang na garoa. encontrar ana-log na selva de pedra. encontrar a orixá doce, bruxíssima, no meio de uma alegria gratuita.

mombojodiar pelo menos por um par de dias. para ver se espanto todas as interrogações, que agora me abraçam de um jeito incômodo, todas as vezes que essa rede me mostra, num tapa, que não adianta brincar de frau quando todas as correções posturais convergem para engarrafamentos, queixumes costumeiros e uma ou duas boas sequências de gozo, grito e olho virando.

quero pastilha derretendo debaixo da língua.
quero ler garranchos miúdos nas placas de aviso.

sussurre por aqui. sussurre sempre. com a maravilhosa língua úmida no seu lóbulo, você poderá chorar de maneira intermitente, simples e escandalosa. oferecemos todas as garantias.

lang fala de um jeito estranho, como se nosso hálito junto ficasse suspenso por uma eternidade cifrada. não temos coragem de dizer nada. eu deleto sua poesia, porque tenho medo do futuro e tenho calafrios. ele é um velho marinheiro espacial e eu uma devoradora de bananas da prata.

na verdade, eu sou um arremedo dele. uma língua firme, nervosa e proibida.

Wednesday, July 21, 2004

se fantasmas fizessem música, encantada e assustadoramente, falando sobre ruídos e esse sentimento sem nome que a gente insiste em chamar de amor, acho que seria assim....

damage [yo la tengo]

not much a friday night, pinball
glorious sight walked out of the past and into the bar
i used to think about you all the time
i would think about you all the time
now it just feels weird, cause there you are

the damage is done

i feel like a kid again
my eyes are glued to the floor
i hope i mumbled goodbye as you walked out the door

the damage is done

Tuesday, July 20, 2004

 
 
banho de língua de gato no corredor escuro. um passo mais forte e o sinteco grita que é preciso parar um pouco, é hora de dormir.
só de lembrar, dá vertigem.

cheiro de viagem embalado para antes dos compromissos. duas pernas semi-abertas, aula de reaprender a deixar ser feito o que se sabe fazer. percebeu, menina?
a parte de calafrio.

língua em cilindros, espirais, elipses.
em poliedros.

sufoca o grito, morde o lábio, revira o olho. respira fúria.

imprensa o rosto, arrasta a palma da mão naquele rosto-entre-ancas.

dispara a cadência, avanço e retaguarda, assim, durante o minuto suspenso, a blusa suspensa. o bico de pedra.

gato com rabo de esquilo, silêncio. acabou música, conversa, revista e televisão. e agora essas memórias antes do sono, um colchão minúsculo que nem desconfia outro colchão como aquele, mas bem longe dali e bem antes.
 
atrás do semi-círculo do corpo, é como se aquele olho gritasse. ele xinga, lambe o vento quando pisca e muda de rota. é o olho mais obsceno do mundo.

é pouco tempo, o que sempre falta, e as ancas-que-agarram-o-rosto parecem indecisas quanto ao que é possível suportar sem pelo menos um grito.

pelinho de gato e espirro de madrugada. lá vai ele procurar esconderijos no seu reinado de felino mutante. ronronrando, porque é isso o que os gatos fazem. eles ronronram chamando meu sonho.

no outro rosto, que percebe o ollho, que recebe o rosto entre ancas, ráfis de sorriso, assombros de boca escancarada, espasmo elétrico, descarga de delírio, um pedido perverso de força até inundar tudo com textura sem nome e cheiro de sobra.

a língua, uma faca, um murro, um dedo, um pau, a boca inteira, vira carinho protegido, de guardar por muitas insônias de gatos ronronrando nos corredores escuros.

Friday, July 09, 2004

vazio: ponto entre não ter nada para dizer e achar que o doidivanas deixou a história oral guardada na primeira gaveta, logo ali, ó.
acabo de ler, num impulso apaixonante, o segredo de joe guld, escrito pelo jornalista do new yorker, joseph mitchell
deliciosa maneira de entrar em alguém
pela janela
pelo olho
pelas ventas
dois textos, um dos anos 40, outro do final dos 60. mas sério: não ficam devendo nada aos textos do mundo zero-zero.
perfil de um boêmio-picareta-sonhador-poeta-barbudo-sujo-cachaceiro-genial
inspira inspira inspira
.
.
.

Friday, June 11, 2004

É crua a vida. Alça de tripa e metal.
Nela despenco: pedra mórula ferida.
É crua e dura a vida. Como um naco de víbora.
Como-a no livor da língua
Tinta, lavo-te os antebraços, Vida, lavo-me
No estreito-pouco
Do meu corpo, lavo as vigas dos ossos, minha vida
Tua unha plúmbea, meu casaco rosso.
E perambulamos de coturno pela rua
Rubras, góticas, altas de corpo e copos.
A vida é crua. Faminta como o bico dos corvos.
E pode ser tão generosa e mítica: arroio, lágrima
Olho d'água, bebida. A Vida é líquida.

Hilda Hilst - Alcoólicas - I

Tuesday, June 08, 2004

MEU MOLHO PARDO



sentado na posição de operação, confortável, aspiro o cheiro de borracha e plástico. um zumbido suave percorre a cabine. vou buscar alguém que não vejo há muito tempo, penso que conheço e não sei nada mais que o trival +

sobre pontes carnais, exércitos de licantropos combateram furiosos pelas estradas romanas. cidades-estado em destruição mútua, milhares de habitantes mesmerizados por pequenos e prazerosos discos de metal vermelho, piscantes, mecânicos, sulfurosos, anatômicos. no ano de Megawputi, os aldeões se reuniram para celebrar a vida do Ìdolo de Ouro Verde. a virgem escolhida foi penetrada pelo ídolo, sangrou uma vez e os edawatis comemoraram sua inércia e orgamos com doses abundantes de licorice, caldo de milho fermentado no cuspe das velhas da aldeia.

em 160 A.C., o general oligopu foi derrotado pelo comandante Tácito, um nobre ateniense que sabia muito bem o que dizer na hora certa. quando perdeu a batalha para os cartagineses, a espada inimiga lhe pressionando a carótida, Tácito teve a presença de espírito de olhar os campos devastados e afirmar, à revelia da sua própria derrota, "vocês criaram um deserto e o chamam de paz".

REMIX CUT-UP STYLE (K)

sobre pontes carnais, exércitos de licantropos combateram furiosos pelas estradas romanas. cidades-estado em Destigopu foram derrotadas pelo comandante Ruição Mútua, milhares de habitantes mesmerizados, "vocês criaram pequenos e prazerosos discos de metal vermelho, piscantes, mecânicos, sulfurosos", na posição de operação, confortável, aspiro um zumbido suave que percorre a cabine. vou buscar alguém ou Querival no ano de Megawputi, virgem escolhida penetrada pelo ídolo, sangrou uma vez na presença de espírito ou de olhar os campos devastados, o general se reuniu para celebrar a vida do Ìdolo de Ouro Verde. o fermentado no cuspe das velhas da aldeia.olTácito, um nobre ateniense que sabia muito bem o que dizer dos edawatis que comemoraram sua inércia e orgamos com doses abundantes de licorice, caldo de milho, ou Tácito que não vejo há muito tempo, penso que conheço e não sei nada mais que a hora certa. quando perderam a batalha, os aldeõe correram para o Cartcheiro de borracha e plásticagineses, a espada inimiga, lhe pressionando a carótida, afirmar, à revelia do seu próprio deserto que e o chamam de paz".

AL NITE LANG @inc.@
AL@LANG@inc.NITE@AL
@inc.@ANGELANG inc.
AL NIT@inc.@AL NITA
NITEE LANGLANG @inc

Monday, June 07, 2004

[marco zero]

esbarrei na nuvem. no arco-íris, no sol, na estrela e na cruz. nas ladeiras de paralelepípedo que levam aos quatro cantos. por entre os becos. com as asas que os urubus deram a ele. e carinhoso tocando numa vitrola de agulha doida.

até aquele rochedo ali, um banco de areia aparece e some. agora entendi. lua minguando e se escondendo atrás de mais nuvem. é difícil depois de trilho, barulho, táxi na chuva e essa incongruência de pensamento.

a escada e a bicicleta. o que eu mais preciso é de silêncio na casa dos sonhos. de manhã, vento frio. viu agora aquilo que você pensava que era banco de areia? linha do mar de tubarão, trisco junino, corisco, trovão, estou incrível.

para fugir do destino, essa arapuca, essa loucura impossível, fui eu que me moldei de morte. e cheia de regras, correções, justificativas, tudo o que pude imaginar, eu imaginei.


/amarelo manga/mezozóico/abaíra/mel/jukebox/tô enfiado na lama/ele andava todo dia em cima do mar/bico de beija flor/mangou de mim/cadê as notas que estavam aqui?/o medo da origem é o mal/são demônios os que destróem o poder bravio da humanidade/chave do mundo/ônibus de camelódromo/ estação do futuro/ nossa senhora do ó/galinha de fachada/fazia sexo com seu alicate/cabeça de bebe de plástico/coragem, dinheiro e bala/vão/espremido de chuva/a doideira/a polícia/o som do tê/ e as revistinhas que ficaram para a próxima/no sonho/where is my mind?/menininha de trem/e a senhora dona futuro.

Wednesday, May 26, 2004

parado atrás da sombra, ele ria. um olho mais escuro era medo da porta no chão do quarto. haha. você que me chama e não vem, seu colchão ortopédico falso e sua desculpa de verificação de matemática, hein?

três
polegares
acima,
uma velha gorda e suada [muito parecida com o rosto naquele quadro antigo] tocava a ponta do seu nariz.

-aceita um chá, leopoldo?

soprou a porcelana * * * * * * antes do primeiro gole.
tubarão branco na parte mais rasa da praia a gente mata assim, com faca de barbatana.

-não tenha pressa, meu anjo. é uma camisola nova e macia.

a pele da velha era lisa e seu rosto dizia uns trinta anos para trás da certidão de nascimento. o chá, adoçado com areia.

-entre no táxi, leopoldo. leve a valise com você. não esqueça de perguntar sobre o resultado da verificação. vamos, entre no táxi!

txtxtxtxtxtxtxtxtxtxtxtxtxtxtxtxtxtxtxtxtxtxtxtxtxtxtxtxtxt e a sombra abriu até a colherinha de prata com inscrição da compahia aérea - aquela das promoções. no talher, um talho do olho da velha vestida na camisola, aos dezesseis anos, cercada de papéis de rascunho. pelo retrovisor, leopoldo vê o rosto da velha misturar-se ao seu, são a mesma pessoa:

uma ginasial nervosa com o cinema marcado no shopping. ele tinha cabelo castanho e ela, um perfume doce. era um desenho animado com homens das cavernas. comeram sanduíche com gosto de fábrica e ela trocou as sandálias para não ficar maior do que o muro.

um arrepio no sofá
recado perdido,
braço quebrado.

"vou fazer vestibular para medicina!!!" [mr.dr.mr.dr.mr.dr.]
"cobaia da baba verde, rasgue essa carta! Deixe que eu raspo a cabeça." [tr tr tr tr tr tr tr trá tr tr tr]

- senhor leopoldo, são quinze reais.

o motorista do táxi, um senhor de três metros e oitenta, crucifixo no punho e um cheiro de cachimbo, esperava o dinheiro. no bolso, uma chave com as letras do nome dela, a inglesinha [ou era um sorriso?]. mas nenhum centavo.

-senhor, não tenho todo tempo.

e nada, nenhuma moeda. ia propor uma troca, talvez aquele livro, talvez a porcelana do chá, uma xícara de areia molhada.
é quando o dono do carro esbugalha os olhos, abre a porta e indica a saída. o carro que vem atrás passa voando na poça de lama e leopoldo está perdido. são quinza para as cinco de uma rua deserta.


acordo com a chuva no rosto

Tuesday, May 18, 2004

você é uma calçada na beira de todos os bustos incompreensíveis, cantando que ela está deixando sua casa depois de morar sozinha por tantos anos. uma sequência de letras que masco sem pressa no fim da minha madrugada. já reparou, lang, a sinestesia de uma terça-feira, às cinco e trinta e oito? ela fica púrpura e branca e morna e calma.
e eu aceitaria agora um dos seus cigarros para assistir deus sendo colocado no seu devido lugar...

Monday, May 17, 2004

ALCATRÃO

eu matei Deus esta noite. fui até o posto de gasolina, carreguei minhas moedas,
descarreguei minhas mágoas e comprei um maço de marlboro light. traguei profundamente.
o mundo começou a fazer mais sentido. sucumbi e quis criar alguma coisa. e li você

al nite lang
1TON

inferno astral. segundamina. feiranfeta. porque sempre e sempre e o ciclo altera o ritmo do que vem atrás. as tropas na retaguarda, tremidinha absurda e não dá pra falar nada, antes que pareça estranho. e é mesmo. e que a fumaça só volte quando não fizer barulho dentro da cabeça, quando tudo puder ficar calmo e o dominó não derrubar o resto das idéias de fila indiana.

e esse quartinho vertiginoso de manhã. o ponteiro finge que vai bater no doze e uma música transparente chega por dois canais. o amor cor-de-rosa vai dar uma volta no inferno [país dos quadrados]
e volta com o cérebro quarenta vezes maior do que o músculo involuntário.

não demorou quase nada, o tempo de um pesadelo, desses de acordar babando. e agora eu lembro, agora eu fico nessa de arquivo para o insconsciente. está no oito ainda. dá pra costurar um pouco de vapor entre uma e outra. o olho fora de órbita, esses endereços fofos, fofíssimos, onde eles moram.

porquinho prático é o caralho.

o postal parisiense ampliado nas crateras da lua, com a flor, o jarro, os defeitos e os sonhos e os cabelos do sovaco. agora vem a rataguarda de calendário, quão estável pode ficar isso de gostar e sair gostando e depois deixar pra lá, e voltar para abrir o baú. no tempo do ronca as pessoas tinham mais estabilidade, sabia?

e quanto mais parece que a vontade vem, quem diria que um gole daria nisso?! mas foi a mistura, foi a mistura entendeu? não foi só um gole, nem descer as escadas vendo espectro volátil, nem ficar fingindo que não tinha nada depois, nem pedir para ficar, nem nada.

é só dar ao alívio um vestido mais folgadinho... que você há de convir, mademoiselle, que ele não veste calça jeans de cintura baixa, nem usa cueca, nem sinto, nem passa brilhantina no cabelo.
agora, a seta quase no onze! sai do cronômetro, entra na sacanagem, afrouxa mais ainda o laço e ele vai, pega aqui, aqui e aqui, a tônica do baque, tremida de oração:

deus, pai do trovão, das ondas havaianas, das pirâmides, dos perfumes de borrifar, dos beijos de língua, das línguas enroscadas nos buracos secretos do corpo. guardião das nuvens preparadas para jogar chuva no chão, dos grãos de areia espalhados com o vento, das copas mais altas da floresta e das raízes parrudas da cidade...

deus da cera, da vela, da foice, da tela, da língua ferina, do senso eletrônico, da guerra, das fotografias amareladas, dos peixes abissais, dos aeroportos internacionais, das filhinhas dos catadores de lata, dos chefes, dos reflexos da lua em cavernas azuis...

pai das veias inchadas de exames mal feitos, de engarrafamentos, de festas e manicômios e bolas e efeitos colaterais, do perído fértil...

filho da deusa da terra das brumas, da ilha escondida atrás do fim do mundo, dos celtas, dos loucos, dos velhos, dos sujos, dos matadores, coveiros, políticos, chefes de estado, revisores de texto, atores de teatro, mímicos e ilustradores...

preservai a libido em potência, aquecei o olhar quando murcho, não deixai que eu sente para esperar o futuro, por mais que haja pólen. dai-me mais saliva e que eu não a gaste em verbo. amplificai o frêmito, reverberai a tremida e que essa zuada, senhor deus, deus de deuses, que essa zuada [de três olhos, uma perna manca e todos os dentes caninos] vibre por uma semana.

"a revolução não vai passar na tv" mesmo, nem comam essa pilha. macaco esperto, amiguinhos, conhece o galho onde enrola o rabo.



Tuesday, May 04, 2004

DOROTHY

sapatos que insistem em fazer bolhas
calos nas laterais
fivelas de navalha.

veias azuis para fora do número
trinta e cinco
cãimbra e o sangue magoado
outra vez em cima
da marca do pé
apertado contra o couro falso.
vamos andando
e nancy sinatra mil vezes
até eles chegarem
até eles pararem de mexer.
>>>>>>

o grito de nancy: "these boots are made for walking, and that's just what they'll do".

Saturday, April 24, 2004

Portisheading



Tire essas coisas da minha mão!
Não estou te escoltando. Eu não te
amo. Jamais te quis. Você é uma nuvem
inexplorada de vácuo e histórias, um conjunto
de referências e relações sociais. Suas púpilas
não tem vida, as minhas já morreram, a poluição
nos circunda, escapamentos e gás carbônico
versus bucolismo (campos verdes e rios límpidos).

Nossos pequenos monstros nos acordam
de manhã. Você está num campo verde,
cheio de vegetais bem maduros. Uma colher
de temperos se aproxima da sua boca. Ela sussura nos
seus lábios vozes de caldo de sururu, subitamente,
é um grande banquete de tristeza e auto destruição.

E você é o prato principal.

AL NITE LANG

Friday, April 16, 2004

MOURA TORTA

...

de verso que a cabeça surta. altinho, mas que ninguém nos ouça. balança, toca fogo e some. rói unha, arrasta lâmina.
range o dente, morde a língua, borra a cara.

de fala bruta
palavra pouca é tudo
veloz, balão, ciúme
se começa a tomar, hai.
se pensar em parar, cai.

e eles te pagam pelo que sai de sua cabeça
e eles te pegam pelas suas idéias
e o olho triste que treme
soletra o corpo das pessoas

tá falando em nome de quem?
cadeira, postal, boneco, ninguém
copo de café, viaduto
suspiro, reticência, altar, fronha
e seta e pau e bronha
e eu,
serve?

de pé estranho que expulsa veia
azul aqui, escuro aqui e aqui, vermelho.
vertigem astigmática
terçol e vértebra
cheiro de mosquito, formiga e caracol

mas a coisa lambe, umedece e representa
rasga, corta, estoura as bolhas
e pergunta pelo seu sonho
inventa um sopro frio
e abre a boca suja que devora
enquanto entra pelo seu susto

e você não sabe, não diz
não sonha
não escreve, não lembra
nem canta
mas te sobra um pavorzinho
e um gozo minguado de surto

um assalto em cápsulas
até que ela vem

e ela parece a moura torta
dando risada de sua cara.
LAAAAAAAAAAAAAAAAAANG, vou te contar. Esse tronco fica liiiiiindo com o headphone espoucando no ouvido. Viva santa Sexta!

Wednesday, April 14, 2004



NO SUPRISES

coloque o seu saco de mijo sobre a mesa e sorria
para mim, a boca podre e o hálito doentio. aos poucos,
células entrando em mutação, carnes despudoradas
crescendo pra qualque lugar. te abraço no meu sonho
de pau duro. moça faceira e tonta, fala muito em meu
ouvido coisas que não quero nem mesmo saber.
mas pulsamos. construímos algo a partir disso.

um emprego que te mata devagar,
doenças infecto-contagiosas e sua merda fresca,
num piniquinho. acordei de manhã e não consegui cagar.
andei um pouco e sentir dor de barriga.
agachei no capacete e o enchi com minha
merda.

No outro dia, senti que faltava algo
em mim.

Al Nite Lang

Sunday, April 11, 2004

bless me, my surprise
easy now
whoever knows
simple like that:
we´re where
we need to be

sol e chuva. sol e chuva e ovo de chocolate e amigas dando risada do alto do prédio. a gente passa pelas coisas assim, depois elas vão. acordei com um gosto estranho em mim, mas um gosto bom. daquele de surpresa, sabe, quando você toda séria abre a porta e lá do outro lado está um moço que ouviu dizer que essa cidade está vivendo uma epidemia de borboletas. apesar do "viva a primavera" já ter passado.

agora que todas essas confusões têm reverber, a gente sobe na mesa, levanta um pouquinho a saia e dança.

deal?

lang, ma puce, boa páscoa!

Sunday, April 04, 2004

ESTA É PARA VOCÊ, MÍDIA.
AGORA EU ENTENDO
COMO VOCÊ SE SENTE.

AL NITE LANG


Friday, April 02, 2004

Into the white, whatever it is. tempo de sobra. vai faltar amanhã. quando você sabe traduzir alegria, pra que apertar a calça? queria que ele fosse um pouquinho mais azul e quando esticasse o cotovelo, as manchas não parecessem rugas.
de um prédio para outro, se faz abismo. mas não era hoje, justamente hoje, que você estava toda tirada a inventar glamour, ainda que fosse um tiquinho de nada?
ainda o tempo que sobra. e no music match para todas as coincidências, que sempre fizeram parte, um ventinho frio e a primeira de todas, savory.

Tuesday, March 30, 2004

BUCÉFALO

Olhei para aquele Homen
Queria rasgar suas entranhas
Olhei para aquela mulher
Queria beijar suas coxas.

Meu dia começou muito mal. Virava o rosto de um lado pro outro, sentia falta de ar, dores no corpo. Tentei dormir feliz e não consegui. Então entrei nas brumas do sonho. Corria nu por uma rua de pedra portuguesa, até que uma voz familiar me acordou.

O telefone tocara para mim. Atendi, com a voz rouca. O Chefe me queria, já, urgentemente! Fiquei pensando se ele refletia sobre o poder que detinha, enquanto o sol no ônibus esquentava meu rosto.
Quando cheguei, fiz o caminho familiar até sua sala.

Foi tudo muito rápido, como da outra vez (2003), quando em menos de cinco minutos eu me tornara um trabalhador daquela instituição. Foi rápido demais, foi um daqueles momentos difíceis de entender na vida da gente. Sentei na cadeira, cumprimentei os amistosos. A vida é louca mesmo, pensei, quando Mídia me dava um abraço.

Al Nite Lang
para o dia azul
sem erro na página,
sem espaço em branco,
sem motivo aparente qualquer.
detrito
e fragmento
aquela hora que não acaba
(e não acaba mesmo)
você acorda
cadeira de filme
sequência de filme
vantagem suspensa

rew
ff
e zoom
antes dos novos posts

Thursday, March 25, 2004

fui descontar o cheque do tronco no banco bradesco da manoel dias. ainda não consigo entender porque eles não me pagam em dinheiro, se é tão baixa a quantia. mas tudo bem. em frente a Unifacs, quase todos os ônibus vão para a pituba. ou você tem a sorte de pegar um que pare no teatro jorge amado ou vai até o posto dos namorados e de lá começa a paleta. ah, existe ainda a opção de pegar um frescão. mas eu não ia pagar três reais para receber meu salário. aí já era um pouco demais.

não me lembro bem, mas acho que era uma sexta-feira, quase quatro da tarde. então a fila, que costuma ser quilométrica, estava relativamente pequena. eu tinha escrito uma historinha sobre maturidade de que gostei muito e estava meio coruja, lendo e relendo o papel, até chegar a minha vez.

a luz acendeu o guichê sete disponível. tirei minha identidade da bolsa, o cheque meio amassado, que estava esperando há quase uma semana por aquele momento e fui. diálogo seco com a balconista. passo o documento e o projeto de dinheiro. ela tenta manejar o cheque em uma maquininha que abrirá a caixa registradora com o meu salário.

então eu percebo que ao meu lado está prostrado um homem moreno, baixo e com os dentes horríveis. ele segura uma pilha de contas a pagar, cheques, algumas notas de vinte reais. e, como se fosse a coisa mais normal do mundo, começa a perguntar a moça do caixa como vai a vida, e etc etc. eu e minha enorme capacidade de ser desrespeitada em público não conseguimos acreditar que aquilo está acontecendo.

decido encarar o sujeito. vai ver ele se toca e volta para seu lugar na fila e espera quando a luzinha anunciar denovo qualquer número. a moça do caixa é gentil com ele e se impacienta com a máquina que não consegue registrar meu cheque. eu continuo encarando o homem. inacreditável a cara de pau. ele me olha de relance e continua seu bate-papo trivial com a moça do caixa, que a essa altura está puta da vida com o cheque e a máquina. é nessa hora que decido dizer alguma coisa.



-moço, pelo que eu me lembro, as pessoas não costumam dividir guichê de banco....
(leia-se: volte para a porra da fila seu imbecil!)

ele me olha e tenta se articular. está com raiva. a dicção é péssima. não há concordância. como também não há hipótese dele achar que aquilo não é normal:

-minha filha, do mesmo jeito que tu pegou fila eu tomém peguei. o que é que tu quer intão?

minha filha.... minha filha.... minha filha?

pólvora.

-quero que você se toque e volte para seu lugar. quero que você entenda que isso que está acontecendo entre nós não existe. não podemos estar os dois juntos aqui.
(caralho! é minha individualidade, seu filha da puta! eu sinto muito pelo seu trabalho, mas não quero dividir o meu com você. não quero expor meus trezentos reais que eu tenho que vir buscar de buzú com você! será que dá pra entender isso?)

ele continua o tom agressivo, eu continuo com raiva e a mocinha do caixa trava uma batalha homérica com a máquina do cheque. sem sucesso, ela então passa o cheque para a funcionária do caixa ao lado. eu não sou consultada. apenas avisada. o detalhe é que a senhora gorda que fazia suas operações no caixa ao lado também não. respiro fundo e pergunto a moça:

- o que está acontecendo?
ela se limita a dizer com toda a sua frieza:
-essa máquina não funciona. sua operação terá que ser efetuada no caixa ao lado.
é quando o meu mentacaptozinho divididor de guichê madefoquer larga, impiedosamente, em toda a sua baianidade nagô:
-tooooma!

esperei a gorda transformar meu cheque em dinheiro. esperei mais umas três ou quatro perguntas ordinárias que o mentecapto fazia para a moça do caixa (sobre sua vida pessoal e trivialidades insuportáveis). nem tentei contar até dez, porque não daria em nada. apenas fiquei na ponta dos pés e peguei os trezentos reais pelo vidro superior do caixa ao lado. fiz a moça trocar cinquenta em notas de cinco e dez (para pegar outro ônibus). e quando tudo isso estava resolvido, virei para o mentecapto:

-olhe, seu imbecil, eu poderia tentar lhe explicar aqui que isso é surreal, que você poderia ter educação e entender que cada um tem sua vez, que, se existe uma fila e as pessoas ficam uma atrás da outra, é para que, uma a cada vez possa ser atendida....

dividi esse desabafo em olhares com a moça do caixa. depois continuei:

-... mas nada disso seria o suficiente para você. então vou abreviar logo o que eu quero dizer: vá à merda.

ele ficou lá gritando qualquer coisa e nenhuma das múmias da fila, gerência ou caixa fizeram nada. com a raiva ainda evidente, parei dois seguranças, lá dentro do banco mesmo e disse:

-me digam uma coisa. eu sei que as vezes eu surto, vejo coisas invisíveis. mas existe isso de duas pessoas dividirem um guichê? porque tem um imbecil ali brigando comigo por isso.

eles se entreolham e um deles diz:

-não, moça, a senhora está certa.

era apenas o que eu precisava ouvir. quase derrubo a porta giratória e saio para devorar um cachorro quente de um real e alimentar minha gastrite e arrotar com gosto de quat e pensar que utilidade poderei dar aos meus trezentos reais, que agora já são duzentos e noventa e nove e daqui a pouco menos um e cinquenta nessa lista.

vejo o mentecapto sair do banco. pequeno, com seus papeis de banco e todo o seu futuro empilhado. tenho contade de voar no seu pescoço e lhe socar, lhe morder, puxar seu cabelo, lhe dar pontapés. mas isso passa logo. ele atravessa a rua e eu já nem lembro mais da raiva. quero não dar risada porque isso é bizarro.

mas o meu futuro empilhado no troco de cinquenta centavos no ônibus é que parece rir de mim.

Wednesday, March 24, 2004

Me aproximo de você, solando, veias saltadas e próstata em atividade. Você me olha com expressão surpresa. Ansioso, derramo meu sêmen sobre sua camisa. Você levanta e vai se limpar, com nojo. Na volta, me abraça e me beija. Tira a roupa e deita com as pernas abertas. Te chupo, você fica molhadinha. Como eu te amo, Virgem Maria.

Tuesday, March 23, 2004

SURFANDO NA WEB


Monday, March 22, 2004

Love Canal - a história precisa ser contada.

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Diário de uma membrana. Especulações sobre surtos homeopáticos.