Tuesday, March 30, 2004

BUCÉFALO

Olhei para aquele Homen
Queria rasgar suas entranhas
Olhei para aquela mulher
Queria beijar suas coxas.

Meu dia começou muito mal. Virava o rosto de um lado pro outro, sentia falta de ar, dores no corpo. Tentei dormir feliz e não consegui. Então entrei nas brumas do sonho. Corria nu por uma rua de pedra portuguesa, até que uma voz familiar me acordou.

O telefone tocara para mim. Atendi, com a voz rouca. O Chefe me queria, já, urgentemente! Fiquei pensando se ele refletia sobre o poder que detinha, enquanto o sol no ônibus esquentava meu rosto.
Quando cheguei, fiz o caminho familiar até sua sala.

Foi tudo muito rápido, como da outra vez (2003), quando em menos de cinco minutos eu me tornara um trabalhador daquela instituição. Foi rápido demais, foi um daqueles momentos difíceis de entender na vida da gente. Sentei na cadeira, cumprimentei os amistosos. A vida é louca mesmo, pensei, quando Mídia me dava um abraço.

Al Nite Lang
para o dia azul
sem erro na página,
sem espaço em branco,
sem motivo aparente qualquer.
detrito
e fragmento
aquela hora que não acaba
(e não acaba mesmo)
você acorda
cadeira de filme
sequência de filme
vantagem suspensa

rew
ff
e zoom
antes dos novos posts

Thursday, March 25, 2004

fui descontar o cheque do tronco no banco bradesco da manoel dias. ainda não consigo entender porque eles não me pagam em dinheiro, se é tão baixa a quantia. mas tudo bem. em frente a Unifacs, quase todos os ônibus vão para a pituba. ou você tem a sorte de pegar um que pare no teatro jorge amado ou vai até o posto dos namorados e de lá começa a paleta. ah, existe ainda a opção de pegar um frescão. mas eu não ia pagar três reais para receber meu salário. aí já era um pouco demais.

não me lembro bem, mas acho que era uma sexta-feira, quase quatro da tarde. então a fila, que costuma ser quilométrica, estava relativamente pequena. eu tinha escrito uma historinha sobre maturidade de que gostei muito e estava meio coruja, lendo e relendo o papel, até chegar a minha vez.

a luz acendeu o guichê sete disponível. tirei minha identidade da bolsa, o cheque meio amassado, que estava esperando há quase uma semana por aquele momento e fui. diálogo seco com a balconista. passo o documento e o projeto de dinheiro. ela tenta manejar o cheque em uma maquininha que abrirá a caixa registradora com o meu salário.

então eu percebo que ao meu lado está prostrado um homem moreno, baixo e com os dentes horríveis. ele segura uma pilha de contas a pagar, cheques, algumas notas de vinte reais. e, como se fosse a coisa mais normal do mundo, começa a perguntar a moça do caixa como vai a vida, e etc etc. eu e minha enorme capacidade de ser desrespeitada em público não conseguimos acreditar que aquilo está acontecendo.

decido encarar o sujeito. vai ver ele se toca e volta para seu lugar na fila e espera quando a luzinha anunciar denovo qualquer número. a moça do caixa é gentil com ele e se impacienta com a máquina que não consegue registrar meu cheque. eu continuo encarando o homem. inacreditável a cara de pau. ele me olha de relance e continua seu bate-papo trivial com a moça do caixa, que a essa altura está puta da vida com o cheque e a máquina. é nessa hora que decido dizer alguma coisa.



-moço, pelo que eu me lembro, as pessoas não costumam dividir guichê de banco....
(leia-se: volte para a porra da fila seu imbecil!)

ele me olha e tenta se articular. está com raiva. a dicção é péssima. não há concordância. como também não há hipótese dele achar que aquilo não é normal:

-minha filha, do mesmo jeito que tu pegou fila eu tomém peguei. o que é que tu quer intão?

minha filha.... minha filha.... minha filha?

pólvora.

-quero que você se toque e volte para seu lugar. quero que você entenda que isso que está acontecendo entre nós não existe. não podemos estar os dois juntos aqui.
(caralho! é minha individualidade, seu filha da puta! eu sinto muito pelo seu trabalho, mas não quero dividir o meu com você. não quero expor meus trezentos reais que eu tenho que vir buscar de buzú com você! será que dá pra entender isso?)

ele continua o tom agressivo, eu continuo com raiva e a mocinha do caixa trava uma batalha homérica com a máquina do cheque. sem sucesso, ela então passa o cheque para a funcionária do caixa ao lado. eu não sou consultada. apenas avisada. o detalhe é que a senhora gorda que fazia suas operações no caixa ao lado também não. respiro fundo e pergunto a moça:

- o que está acontecendo?
ela se limita a dizer com toda a sua frieza:
-essa máquina não funciona. sua operação terá que ser efetuada no caixa ao lado.
é quando o meu mentacaptozinho divididor de guichê madefoquer larga, impiedosamente, em toda a sua baianidade nagô:
-tooooma!

esperei a gorda transformar meu cheque em dinheiro. esperei mais umas três ou quatro perguntas ordinárias que o mentecapto fazia para a moça do caixa (sobre sua vida pessoal e trivialidades insuportáveis). nem tentei contar até dez, porque não daria em nada. apenas fiquei na ponta dos pés e peguei os trezentos reais pelo vidro superior do caixa ao lado. fiz a moça trocar cinquenta em notas de cinco e dez (para pegar outro ônibus). e quando tudo isso estava resolvido, virei para o mentecapto:

-olhe, seu imbecil, eu poderia tentar lhe explicar aqui que isso é surreal, que você poderia ter educação e entender que cada um tem sua vez, que, se existe uma fila e as pessoas ficam uma atrás da outra, é para que, uma a cada vez possa ser atendida....

dividi esse desabafo em olhares com a moça do caixa. depois continuei:

-... mas nada disso seria o suficiente para você. então vou abreviar logo o que eu quero dizer: vá à merda.

ele ficou lá gritando qualquer coisa e nenhuma das múmias da fila, gerência ou caixa fizeram nada. com a raiva ainda evidente, parei dois seguranças, lá dentro do banco mesmo e disse:

-me digam uma coisa. eu sei que as vezes eu surto, vejo coisas invisíveis. mas existe isso de duas pessoas dividirem um guichê? porque tem um imbecil ali brigando comigo por isso.

eles se entreolham e um deles diz:

-não, moça, a senhora está certa.

era apenas o que eu precisava ouvir. quase derrubo a porta giratória e saio para devorar um cachorro quente de um real e alimentar minha gastrite e arrotar com gosto de quat e pensar que utilidade poderei dar aos meus trezentos reais, que agora já são duzentos e noventa e nove e daqui a pouco menos um e cinquenta nessa lista.

vejo o mentecapto sair do banco. pequeno, com seus papeis de banco e todo o seu futuro empilhado. tenho contade de voar no seu pescoço e lhe socar, lhe morder, puxar seu cabelo, lhe dar pontapés. mas isso passa logo. ele atravessa a rua e eu já nem lembro mais da raiva. quero não dar risada porque isso é bizarro.

mas o meu futuro empilhado no troco de cinquenta centavos no ônibus é que parece rir de mim.

Wednesday, March 24, 2004

Me aproximo de você, solando, veias saltadas e próstata em atividade. Você me olha com expressão surpresa. Ansioso, derramo meu sêmen sobre sua camisa. Você levanta e vai se limpar, com nojo. Na volta, me abraça e me beija. Tira a roupa e deita com as pernas abertas. Te chupo, você fica molhadinha. Como eu te amo, Virgem Maria.

Tuesday, March 23, 2004

SURFANDO NA WEB


Monday, March 22, 2004

Love Canal - a história precisa ser contada.

Quem?

Diário de uma membrana. Especulações sobre surtos homeopáticos.