Friday, June 11, 2004

É crua a vida. Alça de tripa e metal.
Nela despenco: pedra mórula ferida.
É crua e dura a vida. Como um naco de víbora.
Como-a no livor da língua
Tinta, lavo-te os antebraços, Vida, lavo-me
No estreito-pouco
Do meu corpo, lavo as vigas dos ossos, minha vida
Tua unha plúmbea, meu casaco rosso.
E perambulamos de coturno pela rua
Rubras, góticas, altas de corpo e copos.
A vida é crua. Faminta como o bico dos corvos.
E pode ser tão generosa e mítica: arroio, lágrima
Olho d'água, bebida. A Vida é líquida.

Hilda Hilst - Alcoólicas - I

Tuesday, June 08, 2004

MEU MOLHO PARDO



sentado na posição de operação, confortável, aspiro o cheiro de borracha e plástico. um zumbido suave percorre a cabine. vou buscar alguém que não vejo há muito tempo, penso que conheço e não sei nada mais que o trival +

sobre pontes carnais, exércitos de licantropos combateram furiosos pelas estradas romanas. cidades-estado em destruição mútua, milhares de habitantes mesmerizados por pequenos e prazerosos discos de metal vermelho, piscantes, mecânicos, sulfurosos, anatômicos. no ano de Megawputi, os aldeões se reuniram para celebrar a vida do Ìdolo de Ouro Verde. a virgem escolhida foi penetrada pelo ídolo, sangrou uma vez e os edawatis comemoraram sua inércia e orgamos com doses abundantes de licorice, caldo de milho fermentado no cuspe das velhas da aldeia.

em 160 A.C., o general oligopu foi derrotado pelo comandante Tácito, um nobre ateniense que sabia muito bem o que dizer na hora certa. quando perdeu a batalha para os cartagineses, a espada inimiga lhe pressionando a carótida, Tácito teve a presença de espírito de olhar os campos devastados e afirmar, à revelia da sua própria derrota, "vocês criaram um deserto e o chamam de paz".

REMIX CUT-UP STYLE (K)

sobre pontes carnais, exércitos de licantropos combateram furiosos pelas estradas romanas. cidades-estado em Destigopu foram derrotadas pelo comandante Ruição Mútua, milhares de habitantes mesmerizados, "vocês criaram pequenos e prazerosos discos de metal vermelho, piscantes, mecânicos, sulfurosos", na posição de operação, confortável, aspiro um zumbido suave que percorre a cabine. vou buscar alguém ou Querival no ano de Megawputi, virgem escolhida penetrada pelo ídolo, sangrou uma vez na presença de espírito ou de olhar os campos devastados, o general se reuniu para celebrar a vida do Ìdolo de Ouro Verde. o fermentado no cuspe das velhas da aldeia.olTácito, um nobre ateniense que sabia muito bem o que dizer dos edawatis que comemoraram sua inércia e orgamos com doses abundantes de licorice, caldo de milho, ou Tácito que não vejo há muito tempo, penso que conheço e não sei nada mais que a hora certa. quando perderam a batalha, os aldeõe correram para o Cartcheiro de borracha e plásticagineses, a espada inimiga, lhe pressionando a carótida, afirmar, à revelia do seu próprio deserto que e o chamam de paz".

AL NITE LANG @inc.@
AL@LANG@inc.NITE@AL
@inc.@ANGELANG inc.
AL NIT@inc.@AL NITA
NITEE LANGLANG @inc

Monday, June 07, 2004

[marco zero]

esbarrei na nuvem. no arco-íris, no sol, na estrela e na cruz. nas ladeiras de paralelepípedo que levam aos quatro cantos. por entre os becos. com as asas que os urubus deram a ele. e carinhoso tocando numa vitrola de agulha doida.

até aquele rochedo ali, um banco de areia aparece e some. agora entendi. lua minguando e se escondendo atrás de mais nuvem. é difícil depois de trilho, barulho, táxi na chuva e essa incongruência de pensamento.

a escada e a bicicleta. o que eu mais preciso é de silêncio na casa dos sonhos. de manhã, vento frio. viu agora aquilo que você pensava que era banco de areia? linha do mar de tubarão, trisco junino, corisco, trovão, estou incrível.

para fugir do destino, essa arapuca, essa loucura impossível, fui eu que me moldei de morte. e cheia de regras, correções, justificativas, tudo o que pude imaginar, eu imaginei.


/amarelo manga/mezozóico/abaíra/mel/jukebox/tô enfiado na lama/ele andava todo dia em cima do mar/bico de beija flor/mangou de mim/cadê as notas que estavam aqui?/o medo da origem é o mal/são demônios os que destróem o poder bravio da humanidade/chave do mundo/ônibus de camelódromo/ estação do futuro/ nossa senhora do ó/galinha de fachada/fazia sexo com seu alicate/cabeça de bebe de plástico/coragem, dinheiro e bala/vão/espremido de chuva/a doideira/a polícia/o som do tê/ e as revistinhas que ficaram para a próxima/no sonho/where is my mind?/menininha de trem/e a senhora dona futuro.

Quem?

Diário de uma membrana. Especulações sobre surtos homeopáticos.