Wednesday, July 21, 2004

se fantasmas fizessem música, encantada e assustadoramente, falando sobre ruídos e esse sentimento sem nome que a gente insiste em chamar de amor, acho que seria assim....

damage [yo la tengo]

not much a friday night, pinball
glorious sight walked out of the past and into the bar
i used to think about you all the time
i would think about you all the time
now it just feels weird, cause there you are

the damage is done

i feel like a kid again
my eyes are glued to the floor
i hope i mumbled goodbye as you walked out the door

the damage is done

Tuesday, July 20, 2004

 
 
banho de língua de gato no corredor escuro. um passo mais forte e o sinteco grita que é preciso parar um pouco, é hora de dormir.
só de lembrar, dá vertigem.

cheiro de viagem embalado para antes dos compromissos. duas pernas semi-abertas, aula de reaprender a deixar ser feito o que se sabe fazer. percebeu, menina?
a parte de calafrio.

língua em cilindros, espirais, elipses.
em poliedros.

sufoca o grito, morde o lábio, revira o olho. respira fúria.

imprensa o rosto, arrasta a palma da mão naquele rosto-entre-ancas.

dispara a cadência, avanço e retaguarda, assim, durante o minuto suspenso, a blusa suspensa. o bico de pedra.

gato com rabo de esquilo, silêncio. acabou música, conversa, revista e televisão. e agora essas memórias antes do sono, um colchão minúsculo que nem desconfia outro colchão como aquele, mas bem longe dali e bem antes.
 
atrás do semi-círculo do corpo, é como se aquele olho gritasse. ele xinga, lambe o vento quando pisca e muda de rota. é o olho mais obsceno do mundo.

é pouco tempo, o que sempre falta, e as ancas-que-agarram-o-rosto parecem indecisas quanto ao que é possível suportar sem pelo menos um grito.

pelinho de gato e espirro de madrugada. lá vai ele procurar esconderijos no seu reinado de felino mutante. ronronrando, porque é isso o que os gatos fazem. eles ronronram chamando meu sonho.

no outro rosto, que percebe o ollho, que recebe o rosto entre ancas, ráfis de sorriso, assombros de boca escancarada, espasmo elétrico, descarga de delírio, um pedido perverso de força até inundar tudo com textura sem nome e cheiro de sobra.

a língua, uma faca, um murro, um dedo, um pau, a boca inteira, vira carinho protegido, de guardar por muitas insônias de gatos ronronrando nos corredores escuros.

Friday, July 09, 2004

vazio: ponto entre não ter nada para dizer e achar que o doidivanas deixou a história oral guardada na primeira gaveta, logo ali, ó.
acabo de ler, num impulso apaixonante, o segredo de joe guld, escrito pelo jornalista do new yorker, joseph mitchell
deliciosa maneira de entrar em alguém
pela janela
pelo olho
pelas ventas
dois textos, um dos anos 40, outro do final dos 60. mas sério: não ficam devendo nada aos textos do mundo zero-zero.
perfil de um boêmio-picareta-sonhador-poeta-barbudo-sujo-cachaceiro-genial
inspira inspira inspira
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Quem?

Diário de uma membrana. Especulações sobre surtos homeopáticos.